segunda-feira, 14 de março de 2011

Sou um corpo ou tenho um corpo?

Por Alcione Araújo.
Publicado no Estado de Minas

Ia escrever sobre o feriadão carnavalesco, que passei cercado de tanto afeto de amigos, que se deu o prodígio de ter trabalhado menos e escrito mais. Ou o terremoto-tsunami japonês, com 8,9 pontos na escala Richter que me tocou. Porém, a mensagem da professora Myrian Naves mudou bruscamente meu assunto.

Morreu o professor Herbert Magalhães Alves, que não conheci, mas cuja visão do post mortem diz do seu espírito nobre e da honra que seria conviver com ele. Catedrático de química orgânica da Escola de Engenharia da UFMG, foi um pesquisador e apaixonado homem de ciência, avesso à burocracia dos órgãos de ciência do país. Tido como taciturno e discreto, era admirado por alunos, discípulos, colegas, e sua sucessora, professora Dorila P. Veloso, a quem tampouco conheço, que o reverenciou em comovente nota biográfica, na qual lembra, seu arriscado empenho em preservá-la da fúria repressora da ditadura militar.

terça-feira, 8 de março de 2011

MEMÓRIAS

            O presente é sempre, pelo menos na sua metade, um passado obstinado a sobreviver. Assim, quem não reverencia seus mortos e não se norteia pelo passado, compromete o futuro...
            Foi com grande tristeza e pesar que li a nota da secretaria do DQ comunicando o falecimento do prof. Herbert Magalhães Alves, de quem, com muito orgulho, sou herdeira, e a quem, certamente, não sucedi à altura.
            O prof. Herbert foi o professor catedrático mais jovem da UFMG. Foi professor na Escola de Engenharia, na Faculdade de Filosofia, no Instituto de Química e no Departamento de Química. Foi o primeiro professor catedrático da Química Orgânica na UFMG. Título raro, para o qual não bastava ser bom: só era concedido aos melhores. Hoje, pela legislação, substituído pelos professores titulares.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A ESCOLHA DO PROFESSOR

Por Carlos Alberto de Barros Santos (*)
Muitos cadáveres chegam semanalmente ao Laboratório de Anatomia da Faculdade de Medicina da UFMG. Na maioria são pacientes ligados a  hospitais  à Faculdade ou a  outras instituições, como o Hospital das Clínicas ou ao Hospício de Barbacena. 
A  rotina do Departamento de Anatomia é de encaminhar tais corpos aos tanques de formol, após o que serão distribuídos às mesas do  Laboratório de Anatomia, onde serão escarafunchados por calouros das áreas da saúde.
Tudo bem, viva a rotina organizada. Só que na última sexta-feira lá chegou o corpo sem vida do professor Herbert Magalhães Alves, que por livre e desimpedido desejo optou que o seu cadáver, fosse destinado àquela instituição.